A pandemia de Covid-19 e a crise na Ucrânia desencadearam uma série de desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro. Desde 2020, o setor se adaptou a mudanças profundas, enfrentando variações climáticas, escassez de insumos e volatilidade nos preços das commodities. Agora, em 2024, o mercado enfrenta uma nova realidade, marcada por redução na safra e desafios financeiros para produtores e indústria.

A partir de meados de março de 2020, a pandemia de Covid-19 impactou drasticamente o mundo, mas o agronegócio brasileiro continuou sua produção, garantindo o abastecimento de alimentos mesmo em meio às restrições e paralisações de outras atividades econômicas. Nas safras seguintes, o setor registrou recordes de produção e produtividade, impulsionando a economia do país.

No entanto, a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 afetou a produção agrícola mundial, especialmente no Brasil, maior importador de fertilizantes do mundo. Mais de 85% dos insumos utilizados na agricultura brasileira são importados, com a maior parte vindo da Rússia, principal exportador mundial de fertilizantes. A crise energética na China e o aumento dos fretes marítimos também contribuíram para a elevação dos custos de produção.

Em 2023, o Brasil enfrentou um desequilíbrio na balança comercial, com a alta dos preços das commodities e a diminuição da rentabilidade para produtores e indústria. A perda de valor da soja, um dos principais produtos agrícolas do país, impactou significativamente o mercado, resultando em uma redução de cerca de 20% a 25% nos preços.

Para João Aleixo, CEO Global da DVA Agro, o ano de 2024 será marcado por um período de ajuste no mercado agrícola. A expectativa de redução na safra, causada por variações climáticas adversas, e a consequente queda nos preços das commodities exigirão estratégias financeiras e operacionais mais eficientes por parte dos produtores e da indústria.

Apesar dos desafios enfrentados pelo agronegócio brasileiro, o cenário de baixa também traz oportunidades. Traders e cooperativas bem estruturadas poderão se destacar, aproveitando alianças estratégicas com a indústria de insumos e explorando o mercado de capitais. O momento requer uma visão de longo prazo e uma abordagem mais estratégica, buscando não apenas sobreviver à crise, mas também prosperar em meio às adversidades.